quinta-feira, 28 de março de 2013

Defendendo os Filmes de Terror



Esta imagem foi publicada em dois excelentes tumblrs que eu sigo, o Where Beauty & Terror Dance e o GreGGory’s SHOCK! THEATER Aliás, ambos recomendadíssimos, assim como o tumblr do roteirista Steve Niles, o responsável pelo assustador 30 Dias de Noite (os quadrinhos que deram origem ao filme de mesmo nome, igualmente assustador). O site dele foi indicado como tendo publicado também a imagem abaixo, mas eu não encontrei.

A imagem é, na verdade, um artigo publicado em 1963 (não sei ao certo em qual revista), onde Vincent Price defende os filmes de terror.

Pra facilitar a vida de tudo mundo, eu coloquei uma tradução aproximada do texto logo abaixo da imagem.

Hmmm... tem muita coisa a se falar sobre esse artigo, e algum contexto a se deixar claro, então vou guardar pra comentar na próxima postagem (já que a tradução ficou bem grandinha).



Tradução (meio que aproximada e adaptada)

Vincent Price deixa de lado a maquiagem de Hollywood para discutir os filmes de terror.


Em Defesa dos Filmes de Terror

por Vincent Price

   Já é hora de os críticos de filmes de cinema começarem a levar a sério os chamados filmes de “terror” ou “horror”, ou seja, os legítimos filmes desse gênero baseados em clássicos reconhecidos ou histórias originais de nossos principais escritores.

   Duas coisas já foram estabelecidas sobre esses excitantes produtos da indústria cinematográfica: o público e o os profissionais atuando neles os levam a sério e se divertem com eles. Grandes produtoras de filmes, como a American-International Pictures, confirmam que a maioria do público apoia tais filmes, como Mansão do Terror (The Pit and the Pendulum, 1961), Obsessão Macabra (Premature Burial, 1962) e Muralhas do Pavor (Tales of Terror, 1962), todos baseados em obras clássicas de Edgar Allan Poe.

   Por mim, e falo por uma maioria de atores sérios, esses filmes de Poe são divertidos de se fazer e são uma grande fonte de satisfação para mim como ator. Eles representam um grande desafio dramático para mim que filmes comuns, com sua realidade “superficial”, não conseguem oferecer.

   O verdadeiro desafio para qualquer ator digno da sua profissão é a oportunidade de retratar de maneira convincente a “inrealidade”.  Afinal de contas, esta não é a premissa original de atuar, a raison d’etre, ou razão de ser, do ator, a arte do faz de conta?
   
   Um caso perfeito é o meu filme mais recente, O Corvo (The Raven, 1963), baseado no excelente poema de terror de Poe. Eu ainda tive o privilégio adicional de trabalhar neste filme com dois dos melhores atores de Hollywood; Peter Lorre e Boris Karloff, e tenho certeza de que eles também apreciaram o desafio de tornar Edgar Allan Poe crível tanto quanto eu.

   Diferente de outros filmes para o cinema, os filmes de terror ou horror oferecem para os atores sérios a oportunidade única de exercitar seu ofício e testar criticamente sua habilidade de tornar o inacreditável crível.

   Eu também acredito que filmes como O Corvo são importantes para a cultura americana em tempos em que o “método de atuação”, e as histórias sórdidas que o acompanham, é considerado um reflexo verdadeiro da vida americana.  Na verdade, esses “dramas do método” representam apenas uma pequena parcela de nosso meio.

   É nessa época que a qualidade de contos de fada dos escritos de Poe fornece uma válvula de escape divertida, saudável e muito necessária para o público americano.

   Que aqueles que condenam os filmes de terror e suspense lembrem também que, assim como os faroestes, esse tipo de diversão foi responsável pelo sucesso da nossa grandiosa indústria cinematográfica.

  Por mim, eu prefiro levar os jovens a ver um filme de Edgar Allan Poe a qualquer momento do que sujeitá-los aos amores e perversões dos nauseantes habitantes das sarjetas e dos rincões da América. E acredito que a maioria dos americanos decentes também pensa da mesma forma a respeito de divertimento.

   Que tenhamos mais histórias criativas de terror produzidas com nossas grandes mentes e talentos, e menos épicos de decadência corruptores, que apenas consomem nosso tempo.